Chamada para o dossiê "Feições da independência: ações populares e novas/os agentes"

Submissão para o dossiê: até 20/12/2022.

Submissão de artigos livres e resenhas: fluxo contínuo

Lançamento da edição: 15/02/2023

Antes de submeter, confira as diretrizes para autores.

Coordenadores

Ana Sara Ribeiro Parente Cortez Irffi (UFC)

João Paulo Peixoto Costa (IFPI)


Resumo:

Em meio às comemorações do bicentenário da independência do Brasil, muitas narrativas concorrem para a condição de discurso mais apropriado sobre o passado da emancipação política do país. Há o risco de recuperação ou consolidação de visões tradicionais, centradas em indivíduos geralmente brancos e membros das elites políticas, militares, eclesiásticas e econômicas. Ou ainda a velha tendência de construir histórias focadas nos centros regionais (quando não, apenas no atual Sudeste), a partir de perspectivas exclusivamente governamentais. Dessa forma, a emancipação do Brasil em relação a Portugal seria se resumiria a acordos institucionais protagonizados pelos “heróis” do panteão nacional. Em contrapartida, uma alternativa é partir da perspectiva de que a independência deve ser pensada no plural. Compreender as “independências” do Brasil como processo – e não apenas um fato – implica descortinar ações múltiplas, no âmbito das províncias, as diferenças regionais, os variados projetos de nação, mas também de seus atores. É preciso pensar, por outro lado, as resistências à independência a fim de desnaturalizar um processo emancipacionista ordeiro, pacífico e celebrado pela união de todas as hierarquias da sociedade. Nessa perspectiva, uma das saídas mais pertinentes para a historiografia é focar sua atenção nos movimentos coletivos e nas pessoas geralmente esquecidas nas memórias e na história dos grandes marcos políticos do Brasil. Se por muito tempo persistiu certa resistência em imaginar que os subalternos/excluídos/marginalizados/de baixo não estavam alheios ao que se passava, hoje, o campo de pesquisa sobre culturas e atuações políticas populares a partir do advento liberal na América portuguesa é bastante promissor. Dialogando com esta guinada historiográfica e marcando posição no debate público em torno da independência, o presente dossiê busca congregar pesquisas inéditas que se dediquem a pensar as perspectivas, os projetos e o envolvimento de negros/as livres e escravizados/as, indígenas, ciganos/as, mestiços/as, brancos/as pobres, mulheres, trabalhadores/as e de tantos outros grupos populares no processo de emancipação brasileira e formação do Estado nacional. E, de outra parte, que pensem sua participação num espaço, ainda geograficamente indefinido, com fronteiras fluidas e instáveis entre suas províncias; uma população marcada por diferentes origens, trajetórias e culturas políticas e na relação com a terra e a propriedade distintas da percepção régia.